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artigo

Diagnóstico através do Reiki

resumo

A prática do Reiki torna-se com muita frequência um ambiente onde pessoas que sofrem com a maior variedade de doenças vêm procurar compreensão e cura. O único problema em torno deste facto é a insuficiência da formação e preparação que as Formações em Reiki (globalmente) oferecem aos novos praticantes, teórica e clinicamente. Como consequência observamos tomadas de decisões clínicas insuficientemente sustentadas ou informadas e comportamento clínico bizarro provavelmente decorrente de uma falta de preparação, formação ou supervisão adequadas para os casos de maior gravidade. O diagnóstico é, adicionalmente, uma área muito sensível na prática do Reiki. Não apenas porque progressivamente se tornou um “termo de apropriação médica” ao longo da história, mas também porque os terapeutas de Reiki se deixam “arrastar” para fora do seu contexto clínico e, por ansiedade ou insegurança, tendem a dirigir-se para um caminho de substituição da medicina convencional nas suas opiniões ou prescrições. Abordaremos neste artigo um posicionamento diferenciado quanto ao tema do diagnóstico e tratamento no âmbito clínico do Reiki.

Diagnóstico através do Reiki

(2018) ed. revista

Introdução

 

Como pode ser apreendido através das publicações The Hayashi Reiki Manual (Frank Arjava Petter, Tadao Yamaguchi e Chujiro Hayashi, 2004) e Light on the Origins of Reiki de Tadao Yamaguchi (2007), Byosen é o conceito criado por Usui Sensei que consiste em dois kanji, Byo e Sen. Byo significa "doente" ou "tóxico". Sen pode ser lido em dois sentidos: o primeiro é "todas as glândulas do corpo" e o segundo é "um aglomerado ou acumulação" que bloqueia os fluidos corporais. A conjugação de ambos os kanji, no sentido atribuído por Usui Sensei, significa acumulação de toxinas causando um bloqueio nos fluidos corporais, como sangue, linfa e/ou na circulação de energia. Este bloqueio é o causador de doença. Neste sentido, o conceito de Byosen está diretamente relacionado com a etiologia da doença em Medicina Oriental. Infelizmente, a teoria e a prática do conceito de Byosen foram progressivamente deixadas de fora de todos os principais sistemas de Reiki Estilo Ocidental. Desta forma, o principal contribuinte activo, hoje em dia, sobre ensino e prática terapêutica/clínica de Byosen é o Sistema de Reiki Original Japonês (Jikiden), seguindo os ensinamentos práticos e as indicações de Usui Sensei.

 

Byosen é, talvez, o conceito de mais difícil apropriação e desenvolvimento para um novo praticante de Jikiden Reiki. Penso que isso se deverá ao facto de que a prática do Byosen depende quase exclusivamente da sensorialidade, sensibilidade e sensitividade do praticante. Em termos práticos Byosen, no seu uso práctico terapêutico no Jikiden Reiki, materializa-se numa escala de sensações nas palmas das mãos do terapeuta quando estão em contacto ou interação com o corpo do cliente. Fisicamente, poderíamos descrever estas sensações como decorrentes dos padrões de interferência bioelectromagnéticos entre os campos do praticante e de quem recebe tratamento. Este facto pode e está a ser testado pela Física, através das Leis conhecidas do Electromagnetismo e Quânticas, numa variedade de experiências e artigos publicados pelo mundo científico. Reiki, e Jikiden Reiki em particular, não necessitam da crença das pessoas que experienciam tratamento. Com base nesta interacção bioelectromagnética, dependendo da qualidade do fluxo no corpo de quem recebe tratamento e, subsequentemente, do quão doente ou saudável se encontra o seu corpo e mente, as sensações de Byosen poderão apresentar-se desde on-netsu (calor suave), prescrevendo fluxo e saúde, a itami (dor), geralmente prescrevendo um bloqueio grave, risco orgânico ou uma acumulação densa de toxinas. Os níveis de Byosen não são absolutos em termos práticos. O que quero dizer com isto é que raramente encontramos, numa situação terapêutica ou clínica real, níveis nas nossas mãos em termos absolutos. Mais comummente teremos uma mistura de sensações de Byosen nas palmas das mãos que teremos que distinguir e diferenciar. Soma-se a isto a integração na práctica da qualidade flutuante, característica particular do Byosen, materializada nas suas curvas de flutuação. Esta é característica de resto de todos os fenómenos electromagnéticos: a sua expressão em curvas sinosoidais. Apenas através da experiência práctica, dando Reiki, é possível diferenciar Byosen na sua escala em continuum. No primeiro Nível (Shoden de Jikiden Reiki) o Praticante iniciado terá a oportunidade de aprender tudo isto e de se familiarizar na teoria e na práctica com o conceito de Byosen para o seu uso em segurança e autonomia.

 

 

Notas Clínicas sobre a Acumulação de Toxinas

A acumulação de Byosen, a regulação e expulsão de toxinas podem ser entendidas observando o funcionamento natural do corpo. A partir do momento em que Vida habita um organismo, ele precisa de lidar com os resíduos orgânicos da manutenção desses mesmos processos de Vida. No Jikiden Reiki chamamos a estes resíduos toxinas. Assim, desde o início, as toxinas fluem no corpo humano a todo o momento. Consequentemente, o corpo tem um desafio para resolver: a eliminação dessas toxinas. Em primeiro lugar, o corpo irá reconhecer essas toxinas e dar a ordem para sua identificação e eliminação. Mas, dado que o corpo não é 100% eficiente, o processo de acumulação estará a acontecer, certamente, em algum lugar no organismo. A questão da localização destes depósitos é sempre pensada através da análise de pelo menos três variáveis.

 

A primeira é genética, no sentido da pré-programação ou tendência que o material genético obteve desde a sua concepção e nascimento. Ou seja, um organismo terá sempre algumas áreas que serão menos eficientes na eliminação de toxinas do que outras. Poderíamos então designar a primeira variável de fragilidade devido a predisposições genéticas.

 

A segunda variável a observar será a fragilidade devido a tensão ou uso excessivo de algumas partes do corpo em contraste com outras. Quanto mais uso uma parte do corpo tiver, mais toxinas ela produzirá e, portanto, acumulará. Poderíamos então designar a segunda variável de fragilidade devido a abuso anatómico ou mecânico do organismo.

 

A terceira variável à qual geralmente dou atenção do ponto de vista clínico é o stress ou a tensão orgânica devido à negligência da própria pessoa (cliente). Isto é, por exemplo, quando uma pessoa negligencia a sua hidratação (não bebendo água suficiente para as necessidades do seu organismo) ou a negligência uma nutrição adequada, exercício físico, saúde relacional e afetiva, etc. Todos estes pontos de negligência contribuem adicionalmente para uma acumulação de toxicidade orgânica ou, pelo menos, uma redução ou bloqueio no fluxo apropriado de energia no organismo. Poderíamos então designar a terceira variável de fragilidade devido a abuso fisiológico ou emocional.

 


Prática Clínica do Reiki e de um Diagnóstico Energético fiável

Em primeiro lugar, é muito importante que os terapeutas complementares, não-convencionais, diferenciem o diagnóstico médico do diagnóstico energético. "Diagnóstico" tornou-se, histórica e culturalmente, alvo de apropriação, como palavra e conceito, da área de conhecimento médico. É importante reter que os Terapeutas de Reiki não são Médicos, nem tão pouco clínicos com formação médica (pelo menos no enquadramento das Formações Certificadas de Jikiden Reiki). Como Terapeuta Especialista em Reiki, numa sessão de Reiki (seja ela paga ou não), a linguagem, metodologia e prática é uma que está sob o dever de permanecer estritamente contextualizada na cura energética, especificamente no enquadramento do corpo de conhecimento validado e certificado pelo Reiki, no caso de um Praticante e Terapeuta Certificado. Observemos então o que poderá isto significar em termos práticos.

Interpretações teóricas e clínicas dos níveis de Byosen dependerão sempre do quão bloqueado está o fluxo (de energia) no corpo do cliente e, subsequentemente, o quão doente ou saudável está o corpo do cliente e a sua mente. Como vimos acima, as sensações de Byosen podem ir de um calor suave, prescrição de fluxo e saúde, a dor, geralmente prescrevendo um qualquer bloqueio grave ou risco orgânico. Assim, se uma localização no corpo está em bloqueio de fluxo grave ou com acumulação de toxinas séria e densa (resíduos orgânicos), poderíamos então, à partida, afirmar como verdade que este cliente específico não tenderá para um estado geral de saúde. Uma outra coisa é a afirmação de que, através de uma sensação de Byosen alto, existe "de certeza uma doença grave" numa determinada localização do corpo do cliente. Este último exemplo não é praticável e, adicionalmente, é vivamente desaconselhado na minha práctica enquanto Terapeuta e Professor de Jikiden Reiki. Sendo ainda mais claro: não aconselho uma rápida atribuição causal e directa de uma determinada condição (séria) física ou psicológica diagnosticável a um qualquer nível de Byosen percepcionado no corpo do cliente. Elaborando ainda, avancemos algumas razões pelas quais me parece que uma atribuição rápida tipo causa-efeito é sempre desaconselhada na práctica energética, e no Jikiden Reiki em particular.

 

A primeira razão é que o bloqueio pode ser encontrado em sistemas periféricos e secundários do corpo ou em vasos sanguíneos primários que comprometeriam seriamente as funções corporais. Assim, o bloqueio percepcionado poderá ser bastante inócuo (neutro) não estando assim em causa a interpretação de um perigo imediato para a saúde ou vida do cliente. Sensações de Itami (byosen muito elevado) podem também significar uma acumulação densa de toxinas ou resíduos orgânicos. Mais uma vez, seremos responsáveis por observar a localização, por exemplo, nos órgãos vitais e primários ou, por outro lado, nas articulações ou localizações periféricas, como pés ou mãos, joelhos, etc..

 

Outra razão para sermos cuidadosos na elaboração de um diagnóstico rápido e instantâneo é uma variável que me parece da maior importância: o contexto. Este cliente específico terá sofrido um acidente mesmo antes de receber Reiki? O contexto para o aparecimento de itami num local específico pode ser o de que a pessoa tenha acumulado uma densidade grande de toxinas devido a um evento traumático específico sofrido pelo organismo naquela localização. Por exemplo, uma cliente pode apresentar itami na perna ou no joelho por ter caído e agora ter uma densa acumulação de resíduos sanguíneos, linfáticos e tecido danificado naquele local recém traumatizado. Ou, num outro exemplo, níveis elevados de Byosen podem ser apresentados pelo tracto gastrointestinal devido a um evento de intoxicação alimentar. Numa rápida e desavisada avaliação, dada a emergência de byosen alto, poderíamos afirmar uma doença séria e potencialmente fatal. Como já vimos isto não é aconselhável. A primeira cliente (queda traumática) precisa de receber muito Reiki em ambos os joelhos para diluir os resíduos e expulsá-los através da circulação linfática e da urina (provavelmente) e o segundo (intoxicação alimentar) beneficiaria provavelmente de receber Reiki no estômago, fígado e intestinos para induzir o vómito ou diarreia para um rápido escoamento da toxicidade orgânica.

 

Finalmente, uma terceira razão para pensar e refletir sobre o diagnóstico energético é a potencialidade de não estarmos conscientes nossa posição corporal enquanto terapeutas. É minha práctica corrente o aviso aos Praticantes de Jikiden Reiki quando "sentem dores" nos ombros, cotovelos, punhos ou mãos que, antes de afirmarem uma qualquer sensação de Byosen alto devem, em primeiro lugar, avaliar e corrigir a sua própria posição dando Reiki, tensão muscular e desconforto. Esclarecendo, em vez de se apressarem em atribuir “dor” a sensações de Byosen (itami), devem primeiro estar conscientes de si mesmos e do seu corpo. O direcionamento da consciência do praticante para esta pequena nota clínica salvará o dia numa variedade de situações.

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